"A LAPADA É TODO DIA!" - Edino Apolinário

É comum neste tempo pós eleitoral encontrarmos pelas ruas de nossa cidade algumas pessoas “emocionadas” contentes com o resultado das urnas e dizendo que a vitória do executivo e do legislativo foi de “lapada”. Confesso que nunca vi expressão tão verdadeira.

Sim, foi uma vitória esmagadora onde o ter e o poder venceram a democracia. Onde a compra de votos campeou a noite e o dia da votação sem nenhum “constrangimento”.  Foi-se o tempo que se comprava votos com uma dose de cachaça ou com uma habilitação (na época emitida falsamente) em que se dizia que “com voto de cachaceiro e de motorista barbeiro o “fulano” foi eleito.

Com a modernidade, a coisa evoluiu em patamares altíssimos de forma que a Justiça Eleitoral não é capaz ao menos de minimizar o dano causado à democracia. Em linhas gerais, nos últimos pleitos vemos o avanço de práticas inimagináveis há pelo menos 10 anos atrás. Parece ser o começo do fim. Sim, daquela época em que o coronel tinha 50 eleitores em sua fazenda, e, que no dia da votação os levava para exercer sua “cidadania”. À hora do voto, os deixava por fora do recinto de votação e adentrava com todos os títulos e votava solenemente já que não havia mesários a contrariá-lo. Ao sair, um daqueles lhe perguntava em quem tinha votado e o coronel respondia solenemente: “Não sabeis que o voto é secreto?!!!

Comprovamos nesse pleito o quão difícil e desafiador é para o pobre e o simples, para àqueles que concorrem com lealdade terem vez e voz. Asfixiados cruelmente, sucumbiram com seus projetos e ideias de um futuro melhor para todos e não para um seleto grupo. Viram seus ideais irem ladeira abaixo sem perspectiva de um dia vencerem honestamente. Sim, pois infelizmente o “sistema” favorece o corrupto e corruptor. Não quero aqui colocar todos em um mesmo “balaio” – os que foram eleitos – pois sei que há que se elegeu corretamente. Para os que não chegaram lá, deve ficar a certeza que apesar dos pesares, venceram. Sim, venceram honestamente. E ao ver por quem foi vencido poderá dizer na sua cara o que o grande Darcy Ribeiro escreveu certa vez: “Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

Isso tudo para dizer que venceu àqueles desumanos que veem o pobre e o necessitado como escória da sociedade. Incapazes de gerir o bem público, terceirizam para lucrarem covardemente. Não atoa malas de dinheiro vão e vem para saciar verdadeiras orgias de pessoas que deveriam zelar pelo bem público, mas fazem questão de publicar suas opções nada republicanas. “Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. Àqueles que deveriam fiscalizar, mas, para não contrariar e para se beneficiarem preferem a “unanimidade”. Recorro a frase que ouvi da boca de Darcy Ribeiro mas que é atribuída a Nelson Rodrigues: toda unanimidade é burra.  Uma hora a casa cai... e não ficará barato... A natureza é perfeita...

São essas “lapadas” que estamos tomando há muito tempo e infelizmente cotidianamente. (ou como dizia alguém de minha terra: “é “cotidiariamente” meu filho, pois é todo dia, e não uma vez ao ano”. Os que detém poder com suas manipulações midiáticas tal como na propaganda nazista impõem a mentira como se fosse verdade. Infelizmente em muitas situações conseguem seu intento. As chicotadas que levamos na cara são executadas com chicote feito com umbigo de boi – e bem untado - se dizem respeito às decisões judiciais descumpridas solenemente ou procrastinadas ao máximo mesmo quando se trata de salvar um ser humano. Ela vem de uma forma cruel no atendimento do PU, desumano com os trabalhadores que lá exercem suas atividades, ou com vidas ceifadas graças a ganância do dinheiro sujo de sangue. Dói ainda mais quando o executivo e legislativo entornam verbas neste setor e ao menos fiscalizam. De lapada em lapada vai se comemorando cada morte como se fosse menos um gasto que a partir daí gerará lucro para os “ceifadores de vidas”.

E há aqueles que para encobrirem suas consciências se transvestem de cristãos e com seus “pescocinhos tortos ou com a bíblia na mão” adentram templos, enganam seu próximo e cometem tais atrocidades. São os novos Judas, infelizmente hoje em proporção bem maior. Naquele tempo, de doze, apenas um bebeu a própria condenação.  Certamente não irá demorar a época da “colheita” em que será separado os bodes das ovelhas. O dia que o Justo Juiz mostrará a todos tudo o que está oculto... Aí sim veremos em quem a “lapada” e desta vez com fogo ardente, vai irradiar. Se no honesto ou no trambiqueiro.

É o que penso,

Edino Apolinário

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